Promovendo ilusões e frustrações
Vejo na internet dezenas de cursos de meditação, respiração e técnicas antiestresse, mas todos os dias um pensamento vem cada forte: estas aulas são boas para quem? Quanto são bem sucedidos?
Hoje vi uma professora no instagram dando aula de um pranayama que acredito ser um dos maus complexos do yoga, pois exige tempo, coordenação e seus efeitos exigem a experiência de um praticante de muito tempo. Ela estava lá, linda, de coluna ereta, com aquele semblante de Mona Lisa, dedinhos a postos para tocar o nariz. O texto abaixo dela contava a promessa de uma mente mais equilibrada (uau, é tudo que um ser urbano precisa) e aqui vieram mais perguntas.
- Uma pessoa iniciante consegue fazer este gesto de mãos?
- Uma pessoa comum consegue ficar sentada assim por quanto tempo?
- Uma pessoa, como todas aquelas que vejo na rua, consegue mesmo respirar tranquilamente, através do nariz, tanto para inspirar quanto para expirar?
Eu, pessoalmente, sinto uma necessidade muito mais das pessoas de aprenderem questões menos performáticas das que tenho visto, onde simplesmente a percepção da respiração já seria um grande passo e faria muita diferença da vida da maioria das pessoas, ao invés de colocar acrobacias e respirações completas como forma de busca de bem estar e auto consciência. Acredito que este tipo de complexidade gere mais ilusões, distrações e frustrações do que bem estar.
Em um mundo cada vez mais focado na performance, complexidade e diferenciação da multidão, vejo as pessoas se perdendo cada vez mais e por consequência se frustrando demais em suas buscas pessoais ao sendo que fazer o simples feijão com arroz básico que pode proporcionas muito mais benefícios.
Menos é mais.