Alinhando o tronco a partir da pelve ou da cintura escapular?
Dentro do mundo do alinhamento e simetria na prática do Yoga, vemos um esforço muito grande em se manter a extensão da coluna a maior quantidade de tempo possível, por vários motivos:
• Manter a caixa torácica expandida, permitindo que a respiração se amplie;
• Não permitir que os ombros girem para frente, mais uma vez ampliando a parte anterior do tronco;
• Criar o devido espaço intervertebral para que a energia flua, do sacro ao crânio, de forma livre;
• Entre várias outras situações…
Acontece que aprendemos, principalmente no método que estudei durante anos, que fazemos a extensão do tronco a partir dos membros superiores, ou seja, pela cintura escapular, muita vezes exagerando a extensão para criar a devida consciência da paste posterior do tronco, que segundo muito de nós professores, uma área que não pode ser vista tem muito mais dificuldades de ser acessada.
Esta extensão torácica a partir da cintura escapular provoca um estimulo exageradamente intenso da musculatura dorsal (rombóides, grande dorsal, serrátil posterior, paravertebrais) provocando uma retificação dorsal do tronco, diminuindo a fluidez das curvaturas da coluna. Basta ver a maioria dos praticantes em tadasana de lado para ver os exageros que cometem ao criar a postura ereta, na verdade projetando o diafragma a frente e retificando a lombar para encaixar os quadris.
Veja também que a maioria dos praticantes tente a criar também a extensão da postura Adho Mukha Shvanasana a partir dos ombros, criando uma hiperextensão desta articulação, levando as costelas em direção do chão (comando muito dito inclusive) criando mais uma vez um padrão postural pouco estável com relação à gravidade.
A partir da pelve
Na sua próxima prática, lhe convido a fazer o seguinte teste:
• Apoie as mãos sobre uma cadeira e leve as pernas para trás como se fosse fazer um adho Mukha Shvanasana alto ou até mesmo um Ardha Uttanasana
• Preste atenção para não jogar os ombros em direção do chão, mantenha a estabilidade do tronco.
• Se você é flexível nos isquiotibiais (posteriores da coxa) pode tentar fazer com os joelhos estendidos, caso contrario flexione ligeiramente os joelhos.
• Movimente os quadris anterior e posteriormente, pensando em distanciar e aproximar os quadris dos fêmures e perceba como as vértebras fluem em extensão e flexão da coluna. Se fizer com bastante atenção, irá perceber que cada micro movimento da báscula tem a possibilidade de mover uma vértebra, das últimas lombares até quase as primeiras cervicais.
• Aos poucos, vá diminuindo a altura das mãos, até chegar com as mãos no chão. Lembre-se que se os isquiotibiais estiverem muito estendidos, a báscula do quadril não acontece, se for preciso flexione os joelhos.
• Permaneça por alguns instantes em pé e perceba o que que mudou na sua postura, se você se sente mais estável, tanto fisicamente quando mentalmente.
• Tente fazer o mesmo com outras posturas e perceba a mudança no seu posicionamento e o quanto as posturas se tornam mais firmes e confortáveis (stira e sukha) sem desperdiçar tanta energia no alinhamento (brahmacharya) e o quando ela permite que sua mente se estabilize (Yogah chitta vritti nirodhah).
A pelve trata da organização de diversas partes do corpo, para que elas se integrem, inclusive nas questões viscerais (orgãos internos), usando suas estruturas com inteligência, construimos as posturas com mais facilidade, permitimos que elas fiquem mais estáveis. Inclusive as torções, que falaremos em breve sobre principalmente as alavancas exageradas que também contribuem para as retificações que falamos.
Permita-se questionar as regras e deixar sua prática mais inteligente para você e seu corpo, a prática de Yoga também serve para nos fazer mais inteligentes, para refinar nosso intelecto e nossa sensorialidade para que possamos atingir aspectos cada vez mais sutil do nosso ser e nos permita que possamos evoluir.